sistema gerador e de-indexador de vídeos online
www.youtag.org/teste/projecao.php
Em tempo de tags, metatags e indexadores de busca, o quê é o nome da ‘coisa’ e o quê é o nome possível da representação da ‘coisa’? O que acontece nas vísceras dos search engines? Que tipo de sentido é produzido quando tudo passa a ser regido pelas formas de indexação atuais?
In time of tags, metatags, keywords and search engines, what is the ‘thing’ and what is the represented, tagged, indexed ‘thing’? What happens when single words rule and organize our represented world? What kind of sense is produced when a video is produced from a word?
Projeto contemplado pelo Rumos Itaú Cultural Arte Cibernética 2006/2007 na categoria Produção de Obra em Arte e Tecnologia.
Criação e direção/Conceived and directed by: Lucas Bambozzi
Design e desenvolvimento tecnológico/Design and technological development: Claudio Bueno
Programação/Programming: Thomas Gonzales
youTAG foi criado a partir de um projeto de pesquisa desenvolvido pelo grupo Interfaces Críticas
youTAG was created within a research project developed by the Interfaces Críticas group:
Lucio Agra
Priscila Arantes
Lucas Bambozzi
Claudio Bueno
Nancy Betts
Christine Mello
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Descrição complementar e conceituação
palavras-chave:database movies . banco de dados . rede . indexadores . tags . metatag . vídeo online . interatividade
Inspirado no conceito de ‘database movies’[1], o projeto youTag: gerador e de-indexador de vídeos online é um dispositivo de busca de tags e palavras-chave na Internet, associados a vídeos e fotos, como forma de criação de peças audiovisuais remixadas, re-significadas e ‘desautorizadas’ (de autoria muitas vezes bastarda) a partir de material previamente existente e disponível na rede.
O que está publicado geralmente está aceito, ‘normatizado’ e indexado. O projeto youTag: de-indexador de vídeos online propõe um deslocamento do estatuto de estabilidade associado aos tags e sistemas indexadores.
Representar idéias, sensações, sentimentos e ‘as coisas’ encontradas no mundo hoje se tornou para muitos uma questão de busca e acesso. Quando digitamos uma palavra no Google e aguardamos uma busca nem sempre nos damos conta de que o mundo vem sendo reorganizado segundo critérios que obedecem a uma lógica definida por indexadores e processos lógicos baseados em algoritmos. Encontra-se de tudo (ou quase tudo) desde que hajam formas de substituição das ‘coisas’ por palavras-chave, por codificações que uma vez decodificadas, dão acesso a bancos de dados que permeiam nossa vida: textos, imagens, sons e vídeos.
Uma vez que os tags são a garantia da visibilidade na rede, são utilizados de forma estratégica, não estando necessariamente ligados a uma descrição fiel do conteúdo acessado.
O projeto youTag: pretende disponibilizar ao público/usuário uma ferramenta de re-ordenação e re-significação de seqüências visuais disponíveis na rede. Se o cinema explodiu como advogam os adeptos da idéia de microcinema, uma parte considerável desses estilhaços encontram-se hoje na rede, em sites como Youtube, Dailymotion, Myspace e Google video.
Os formatos que se estruturam a partir de banco de dados empregam formas de gerenciamento de mídias organizadas por algoritmos baseados geralmente em palavras-chave e outras definições atribuídas às imagens pelo autor ou programador. São trabalhos em que o usuário e seus inputs, suas decisões, planejadas ou intuitivas, exercem papel fundamental na construção de narrativas cinemáticas — em maior ou menor grau, na maioria das vezes, pré-definidas.
O projeto youTag: incorpora conceitos ligados aos generative systems que descreve mecanismos que utilizam formas de processamento randômico e adquirem complexidade independentemente dos inputs iniciais.[2]
A presente proposta considera que tal conceito pode encontrar uma ressonância interessante no circuito do audiovisual, em trabalhos que se ‘regeneram’ pela reorganização de dados indexados a partir de inputs ‘orgânicos’, ligados por exemplo à descrição de cenas ou construção de frases (como sugerido no site Flickr a partir de fotografias, por exemplo). Ironicamente, seria como se houvesse um filme/vídeo lógico associado a cada palavra de uma sinopse.
O projeto youTAG sugere um modelo de desnormalização, uma ‘intervenção econômica’ nos processos de circulação e fruição de formatos audiovisuais.
Entre tantas imagens produzidas diariamente por webcams, handycams e celulares, espontaneamente colocadas em circulação (25 mil uploads diários apenas no Youtube – o que definitivamente não resulta em experiências com significados relevantes em termos de contundência ou discurso expressivo), vale a pena pensar em reaproveitá-las, em atribuir novas configurações de sentido ao encadeamento seqüencial ou causal entre vídeos – seja em um processo de re-significação ou desnormalização.
Através da automação de rotinas de conversão e edição de vídeos em modo online, o projeto torna possível a reflexão em torno da forma como absorvemos e consumimos conteúdos através da Internet nos dias de hoje.
referências diretas
The World Generator/The Engine of Desire Bill Seaman
http://digitalmedia.risd.edu/billseaman/
Korsakow Syndrome, de Florian Thalhofer
Google Will Eat Itself – projeto de Alessandro Ludovico e Hans Bernhard
moiNAG – generator NetArtGenerator, de Cornelia Sollfrank
http://net.art-generator.com/moiNAG/
Paisagem0 de Giselle Beiguelman, Rafael Marchetti e Marcus Bastos
http://paisagem0.sescsp.org.br/linguas.html
O Tempo Não Recuperado (DVD-ROM) de Lucas Bambozzi
sites: Flickr, Youtube, Myspace, Google video, Putfile, Break.com, Blip.tv, Metacafe, Vidnet.com, Revver.com
[1] Trabalhos que seguem o princípio de bancos de dados são cada vez mais comuns, e vem se tornando referências para outros que se seguem. Instalações notadamente ‘cinemáticas’ como Win, Place or Show (1999) de Stan Douglas ou Soft Cinema (2000) de Lev Manovich foram alguns dos trabalhos notórios que ajudaram a difundir esse formato. De forma extremamente simples o software gratuito Korsakow System (www.korsakow.org) permite formas criativas de gerenciamento de arquivos visando a produção de vídeos a partir de banco de imagens pré-definidos e armazenados em hard-disk, CD ou DVD. Um dos desafios colocados por este projeto consiste em utilizar uma base de dados dinâmica, instável (lê constante atualização e mutação).
[2] Trabalhos generativos, apesar de não serem exatamente uma novidade no campo da arte, tendo em vista que o conceito já foi explorado por muitos artistas, inclusive não conectados diretamente às idéias de inteligência artificial ou manipulação de dados digitais, continuam por incomodar críticos e curadores ansiosos por alguma estabilização de conceitos ligados às tecnologias da imagem.
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